Xangô Aloroque e o Vento das Sombras.

 

Xangô Aloroque e o Vento das Sombras.

Autor: Helio Leite

 

Quando tudo ainda era muito novo na África ancestral,

Xangó Aloroque ainda brincava nas serras de pedras e musgos do quintal do monarca seu pai,

Contam os seres mágicos que havia uma grande serpente de olhos azuis e escamas verdes e douradas que serpenteava aos arredores de uma vila de caçadores.

Nada se sabia da criatura escamosa.

Dias após semanas, desaparecia, misteriosamente, uma pessoa adulta do local.

O vento de Oyá que refrescava as florestas e mexia maliciosamente com a Mãe Água,

Logo propagou o medo nos cantos de tudo que havia.

Então, alguém procurou um vidente para olhar o presente.

O necromante falou que precisava dos 02 olhos do rei para despertar a clarividência.

O certo alguém pediu ao vento das sombras do submundo que arrancasse os olhos do rei.

Em certa noite de lua negra, um cesto foi deixado em frente a uma fogueira.

Seriam os olhos do rei?

Passados sete luas de luz, um moço achou o cesto deixado em frente a uma fogueira que ainda ardia.

Curioso, ele abriu o cofo

Lá estava a cabeça fresca de um certo alguém.

Espantado, ele gritou de susto.

O vento de Oyá escutou e fofocou

O moço tentou correr, entretanto, da fogueira surgiu um jovem orixá - era Xangó Aloroque.

-          Não temas, jovem mancebo!

-          Essa cabeça, eu arranquei de um certo alguém que queria ver o presente.

O suor lavava o corpo do moço que temia o mesmo destino. Nada falou, nada fez.

-          Não temas, jovem mancebo (repetiu Xangó Aloroque).

-          Os homens não devem olhar o presente através dos olhos de outros. Sempre irão pagar um preço fatal.

-          Eles devem olhar o dentro e o fora com os seus próprios olhos e decidirem os caminhos a seguir.

-          Veja essa infeliz criatura, tentou roubar os olhos do rei para ver o que estava ao seu redor e o vento das sombras, que não é amigo de ninguém, denunciou-o ao monarca.

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